quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Saudade




Esse texto é simplesmente maravilhoso...palavras que falam sobre tudo o que estou sentindo nesse momento
...saudade...



Trancar o dedo numa porta dói. Bater com o queixo no chão dói. Torcer o tornozelo dói. Um tapa, um soco, um pontapé, doem. Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim.


Mas o que mais dói é a saudade.


Saudade de um irmão que mora longe. Saudade de uma cachoeira da infância. Saudade de um filho que estuda fora. Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais. Saudade do pai que morreu, do amigo imaginário que nunca existiu. Saudade de uma cidade. Saudade da gente mesmo, que o tempo não perdoa.
Doem essas saudades todas.

Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama.

Saudade da pele, do cheiro (ahhh o cheiro), dos beijos.
Saudade da presença, e até da ausência consentida.

Você podia ficar na sala e ela no quarto, "vc na rede e ele na cama", sem se verem, mas sabiam-se lá.


(...)
Saudade é basicamente não saber.

Não saber mais se ela continua fungando num ambiente mais frio.

(...)

Não saber se ela ainda usa aquela saia.

(...)

Não saber se ela tem comido bem por causa daquela mania de estar sempre ocupada; se ele tem assistido às aulas de inglês, "se ele tá cuidando do seu jardim e se as borboletas que estão visitando esse jardim merecem essa dádiva"; se ela aprendeu a estacionar entre dois carros; se ele continua preferindo "Skol e Nova Schin"; se ela continua preferindo "Smirnof Ice Black"; se ela continua sorrindo com aqueles olhinhos apertados; se ela continua dançando daquele jeitinho enlouquecedor; se ela continua cantando não tão bem; se ela continua detestando o Mc Donald's "e ele adorando"; Se ele continua amando; Se ela continua a chorar até nas comédias. Saudade é não saber mesmo!

Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos; Não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento; Não saber como frear as lágrimas diante de uma música; Não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche. "Não saber como se acostumar com a ausência dele ao acordar, o abraço de bom dia sem palavras, o olhar de quem precisa de colo".

Saudade é não querer saber se ela está com outro, e ao mesmo tempo querer.


É não saber se ele está feliz, "se conseguiu aquele carro que sempre sonhou" e ao mesmo tempo perguntar a todos os amigos por isso... É não querer saber se ele está mais magro, se ela está mais bela.

Saudade é nunca mais saber de quem se ama, e ainda assim doer;

Saudade é isso que senti enquanto estive escrevendo e o que você, provavelmente, está sentindo agora depois que acabou de ler...



( Adpto. do texto de Miguel Falabella)






A perfeição das coisas é dada pela intensidade de como elas acontecem!!

Escrever...

Escrever é uma das formas de entender o que se passa dentro de mim. Muitas vezes os sentimentos, quando colocados em um pedaço de papel, tomam proporções que não esperávamos. Por vezes tornam-se menores ou maiores do que havíamos imaginado. Por isso, quando escrevo, nada mais desejo do que entender o que sinto... (mas nem sempre isso é possível). Essa busca quase inútil do ser humano, insistindo em dominar tudo, sejam os sentimentos, pessoas ou os fatos da vida . E sem aprender que muitas vezes ele (o próprio homem) é que é dominado por tudo.